Juarez M. Ferreira* |
Muito tem se falado a respeito da violência nas escolas. Busca-se soluções, para resolver a questão, e até mesmo a razão ou razões para tanta violência: brigas, assassinatos, tiroteios, estupros, Bullying agressões a professores. Assistimos a tudo isso, sem que nenhuma instituição assuma a responsabilidade.
O Estado diz que é culpa da Escola. Por sua vez a Escola diz que é culpa do Estado e da família. Do Estado por que não investe na educação, e da família por não educar os filhos, deixando a responsabilidade para o professor. Mas afinal de quem é a culpa?, ou quem são os culpados? À família, os professores ou o Estado?
Nas sociedades antigas, assim como nas sociedades clássicas (Grécia e Roma), nas sociedades indígenas, os adultos ou os mais velhos serviam de exemplo a ser seguidos pelas crianças e adolescentes, que se tornavam adultos honrados. A ética, a moral era cuidadosamente zelada, ensinada aos mais novos, como parâmetro a ser seguido por todos, desde a mais tenra idade.
Entre os Astecas a educação era levada tão a sério, que os pais eram punidos pelos erros que os filhos viessem a cometer. Os costumes, o respeito, a ética a moral era cuidadosamente ensinada nas escolas. E a educação asteca levava-se em consideração os bons exemplos de justiça e retidão dos mais velhos.
Entre os judeus os valores éticos, morais, religiosos, era obrigação da família, cujos princípios eram falados diariamente á criança para que nunca se desviassem dos ensinamentos recebidos dos pais. Esta educação judaica tomava como parâmetro também o viver dos adultos, que serviam de espelho para as crianças.
Em nossa sociedade as crianças também imitam os adultos, o agravante é que imitam naquilo que é marginal, criminoso, anti-ético, anti-social. Até por que as referencias são a desonestidade, o roubo, a corrupção. É o sujeito que dirige embriagado,atropela, mata e fica por isso mesmo. É o Gestor que desvia dinheiro publico, e fica rindo de todos. A honestidade deixou de ser uma pratica correta, do bem. Ser honesto no Brasil significa ser otário. É o pedófilo que é inocentado, o corrupto, que se torna representante do povo. Toda essa pratica maldita, anti-ética, anti-moral, anti-social tem se refletido nas escolas, na forma de violência. O professor deixou de ser respeitado. O desrespeito aos Professores começa nos lares, pois é vista como uma profissão qualquer, recebe baixos salários; O Estado completa o desrespeito ao Profissional da Educação. Uma vez não remunerando bem, se não oferecendo boas condições de trabalho.
Estamos educando as crianças sem levarmos em conta os bons exemplos dos adultos. Não temos bons exemplos em que as crianças possam se espelhar, até por que esta nação foi construída sobre o alicerce da corrupção, do contrabando, do assassinato dos povos nativos, da usurpação de suas terras.
Se analisarmos os últimos 20 anos do Brasil, percebe-se o quanto de maus exemplos tem sido noticia na imprensa, que de alguma forma vão influenciar negativamente a formação da criança, do adolescente e do jovem. Me refiro à corrupção de valores praticados por autoridades civis, militares, religiosas, pelas famílias, e “celebridades”, e o que é pior essas pessoas não são punidas. Então as pessoas que deviam servir de bons exemplos para as crianças adolescentes, de fato servem de maus exemplos. São parlamentares com dinheiro na cueca, enriquecendo de forma criminosa, religiosos pedófilos, desvio de dinheiro publico, chacinas praticadas por policiais, esposo que assassina esposas, filhos que assassinam pais. Motoristas que dirigem embriagados avançam sinais vermelhos, mães que jogam filhos no lixo. Celebridades embriagadas, toxonomas, envolvida com o crime, e não são punidos. É esse o tipo de ensinamento que é dado dia a dia às crianças, jovens e adolescentes deste país chamado Brasil.
As crianças estão recebendo este tipo de formação. E o professor pouco pode fazer, sem a ajuda da família, do Estado na construção de valores. Percebe-se a ausência da família que condene a mentira, a desonestidade, o adultério, a corrupção. De um Estado que puna os criminosos, os corruptos, os sonegadores, sem acepção do cargo que ocupa, da quantidade de dinheiro que possua ou da família que representa
As crianças estão crescendo sem valores. Não é obrigação da escola assumir a função da família, no que diz respeito a formação de valores morais, éticos, que só aprendemos em nossa casa com nossos pais e familiares.
Uma sociedade que abriu mão da honestidade, institucionalizou a corrupção. “Que expressa claramente que o governo rouba mais faz”. Que assassina em nome da justiça, tortura em nome da lei, não é de se esperar que os adolescentes fossem diferentes. Tudo isso tem se refletido na escola por meio da violência.
A escola não deve assumir sozinha o papel de educar á criança, o adolescente. Mais criar parceria deve haver interação entre escola, família, religião, e estado. A escola reforçar a importância dos valores éticos, morais, na preparação dos jovens para o mercado de trabalho e para a vida em sociedade. Cidadãos cônscios dos seus direitos e deveres. Se a escola tem falha não é culpa unicamente dela mais de toda sociedade.
A honestidade, passou a significar burrice, idiotice. Já não é hora de refletirmos sobre que influência estamos exercendo sobre as crianças, jovens e adolescentes? Já não é hora dos adultos, defenderem a justiça, a moral a ética, e banirem do nosso meio a corrupção, a impunidade. Só quando vencermos esta etapa, tenebrosa, é que teremos paz nas escolas.
*Juarez Mendes Ferreira, Licenciado em História, pela Universidade Estadual de Santa Cruz
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